'Castramóvel' é tema de palestra na Câmara de Maringá

O diretor do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal, da Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Campinas, veterinário Paulo Anselmo Nunes Felippe, vai proferir uma palestra na Câmara de Vereadores de Maringá (PR), às 19h desta quinta-feira, dia 20, durante audiência pública organizada pelo Grupo de Trabalho de Defesa dos Animais da cidade paranaense. Nunes Felippe, que é veterinário e professor titular da Universidade Paulista (Unip) de Campinas, exporá o sucesso do “castramóvel”, apelido do ônibus medicamente adaptado, que já esterlizou gratuitamente para a população campineira cerca de 2 mil cães e gatos desde que o serviço foi ativado, em março passado.

A mesma quantidade é a meta dos defensores dos animais de Maringá, que está sensibilizando o poder público local a investir recursos na política de esterilização animal. Por isso, o trabalho de Campinas é encarado por lá como exemplo de atuação no assunto.

Apelidado de “castramóvel” por funcionar num ônibus especial, o serviço é inédito no país, em se tratando da metodologia de itinerar bairro a bairro. É totalmente gratuito, incluindo o fornecimento de fármacos, e cercado por elevados padrões de segurança e higiene; tem ainda a vantagem de oferecer um restabelecimento pós-cirúrgico rápido e descomplicado, uma vez que as incisões feitas são mínimas. Atuam seis veterinários.

“Nossa equipe bate de porta em porta, verificando a existência de animais não castrados e convencendo os tutores sobre as vantagens do procedimento; os pets são operados somente mediante concordância dos donos”, explica o diretor. Os tutores que aderem ao programa recebem um guia de cuidados e formas de contato posterior com o Departamento de Bem-Estar Animal, para o caso de eventuais complicações, o que é raríssimo acontecer.

Segundo ele, os principais ganhos são para a saúde dos animais propriamente, pois a castração previne, principalmente nas fêmeas, tumores de mama e acúmulo de pus no útero. Mas há vantagens adicionais, como conter a proliferação descontrolada de bichos que acaba por estimular práticas desaconselháveis, como abandono e colecionismo irresponsável.

Além disso, “promovemos a microchipagem dos animais castrados, o que nos permite monitorar cada um, tanto em termos de acompanhamento vacinal quanto nos casos de abandono; também colhemos material biológico para a necessidade de combater doenças diversas”, acrescenta o diretor.

De acordo com parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS), traçados para o estabelecimento de políticas sanitárias, Campinas, pelo seu porte populacional humano, deve possuir ao menos 150 mil cães e gatos, ou seja, um para cada 15 habitantes. Desse total, cerca de 20 mil são animais errantes.

Estatuto

Por enquanto, o programa de esterilização em Campinas não consegue ser estendido para animais de rua. “Primeiro, porque eles vivem pouco, depois, porque o pós-operatório é muito difícil; também a prática de recolhimento para abrigos já mostra sinais de esgotamento, apesar do louvável esforço das entidades protetoras: para acolher todos os bichos errantes, Campinas precisaria dispor de uma área total de abrigo com 1,6km²”, esclarece o diretor.

Ele ressalta, contudo que essa e outras problemáticas estão em vias de serem equacionadas pelo Estatuto dos Animais, em fase de finalização pelo departamento, Conselho de Defesa dos Animais e entidades protecionistas, e que será enviado à Câmara de Vereadores até o final do ano. “Já estamos com cerca de 100 artigos e, com relação aos errantes, ao menos duas propostas serão implementadas: o estabelecimento da condição da guarda temporária e a regulamentação da figura do cão comunitário”, conclui Nunes Felippe.

Saiba mais sobre as políticas da gestão Jonas Donizette em prol dos animais de Campinas acessando https://portalanimal.campinas.sp.gov.br/